Ataque a Alcochete: Jorge Jesus com «mão cheia de sangue e nariz ensanguentado»

Vasco Fernandes, secretário técnico do Sporting na altura do ataque à Academia de Alcochete, foi o primeiro a testemunhar na sessão desta terça-feira, 10 de dezembro, no julgamento da invasão à Academia de treinos dos leões.

Ataque a Alcochete: Jorge Jesus com «mão cheia de sangue e nariz ensanguentado»

Vasco Fernandes, secretário técnico do Sporting na altura do ataque à Academia de Alcochete, foi o primeiro a testemunhar na sessão desta terça-feira, 10 de dezembro, no julgamento da invasão à academia de treinos dos leões.  Questionado pela juíza sobre o dia da invasão, o secretário técnico – responsável por informar os jogadores da hora do treino – recordou o dia «de terror».

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Após ver vários indivíduos de cara tapada invadirem a academia, Vasco Fernandes dirigiu-se para a zona do balneário, onde tentou fechar as portas de modo a impedir a entrada. “O balneário tem duas portas metálicas e lembrei-me de fechar as mesmas. Entretanto, recebo dois estímulos de pessoas diferentes, uma dela foi o Petrovich a dizer – me: ‘Eles que venham, não feches’. Depois alguém me diz: ‘Não feches a porta, que o homem está lá fora e eles vão mata-lo’, – referindo-se a Jorge Jesus”, conta. E acrescenta: “De repente, olho e vejo o Ricardo Gonçalves – chefe de segurança – de braços no ar, pernas abertas, com quatro ou cinco indivíduos em cima dele. Depois, entraram pelo balneário”.

«Eles (adeptos) começaram a bater nos jogadores, não entraram para falar com ninguém. Lembro-me que do (lado esquerdo) estava o Acuña e o Freddy Montero – que levou uma estalada. É uma imagem que tenho bem clara na minha cabeça. Do lado direito estava o Rui Patrício, o William, o Petrovich e o Battaglia e também lhe estavam a bater no peito», conta, salientando que estavam vários indivíduos de volta dos jogadores.

«Diziam que matavam toda a gente»

«Os adeptos entraram e começaram logo a agredir e a ameaçar. Diziam que matavam toda a gente. Filho da p*ta para aqui, filho da p*ta para ali»
Questionado sobre lhe pareceu que existissem jogadores «marcados» para as agressões, Vasco Fernandes conta: «Vi-os a criarem dois grupos. Lembro-me de à entrada do lado esquerdo estar o Rafael Leão e a esse ninguém bateu. Alguns até o cumprimentaram e disseram: ‘A ti não te vamos fazer mal’»
As agressões terão durado «cerca de cinco minutos». «Chega a um momento em que oiço um a dizer ‘está na hora, vamos embora’. Começaram todos a repetir aquilo, como se tivessem algum timing a cumprir. É nesse momento que começam todos a sair», recorda.

Nessa altura, quando sai do balneário, Vasco Fernandes depara-se com Jorge Jesus. «Deparo-me ali com o Jorge Jesus, com a mão cheia de sangue, o nariz ensanguentado. Nessa altura, ele estava a falar com o Fernando Mendes e com o adepto Aleluia. Pareceu-me que o Jorge Jesus estava a pedir satisfações pelo sucedido», revela.

“Foi um momento de terror”

O momento do ataque foi “de terror”. “Lembro-me de que fiquei petrificado e, sendo eu o responsável pela dinâmica da equipa, tenho de ser sempre o primeiro a estar pronto para reagir. O momento mais violento foi, sem dúvida, dentro do balneário. A questão de terem as caras tapadas, de não conseguirmos ter a percepção de quem está do lado de lá, não fazia ideia se traziam armas. Temi, por não saber onde aquilo ia parar”, acrescenta.

Texto: Sílvia de Abreu

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