Casa dos Horrores. A mais macabra história de cativeiro

As dúvidas continuam no ar. Como vão os 13 filhos integrar-se na sociedade? Quais as razões dos pais?

Casa dos Horrores. A mais macabra história de cativeiro

Uma família numerosa, recatada, mas feliz. Até a verdadeira história ser descoberta.  Pelo meio das fotos partilhadas no Facebook de idas à Disneyland, ninguém imaginava o que se passava na Casa dos Horrores, nome dado ao número 160 da Rua Muir Woods, em Perris, cidade no condado de Riverside, na Califórnia.

David Allen Turpin, de 57 anos, e Louise Anna Turpin, de 49 mantinham 13 filhos sob severas ordens, acorrentados e subnutridos.

Uma das filhas, com 17 anos, conseguiu sair da habitação e dar o alerta às autoridades. O cenário encontrado era devastador. Várias crianças foram encontradas acorrentadas a camas, no escuro e no meio de um odor a urina. As crianças estavam proibidas de ver televisão, não podiam fazer amigos, nem sair sem a companhia dos pais. As crianças Turpin tomavam banho duas vezes por ano e apenas uma refeição por dia. Dormiam de dia e estavam acordados à noite. Os brinquedos eram mantidos dentro das embalagens e as crianças não estavam autorizadas a brincar. Podiam olhar para a comida, mas não a podia ingerir.

À medida que os pais, David e Louise Turpin, são interrogados, vão chegando novos pormenores sobre o que se passava afinal dentro daquela casa.

Quem são estes pais?

David foi engenheiro e auferia um salário capaz de suportar a mulher e os filhos. Prestou serviços  como engenheiro na Lockheed Martin até 2010, e mais tarde ingressou na Northrop Grumman, uma empresa do setor da aeronáutica e da defesa. Louise, a mãe, era dona de casa. David criou uma escola, registada no local de residência da família. Seria para dar aulas aos 13 filhos.

Com o caso ainda no início, as razões para as atrocidades cometidas naquelas casa continuam uma incógnita. Na onda de especulação, o psicólogo forense David Canter diz ao The Independent que há a hipótese de os pais manterem os filhos recatados e sob rígidas regras por questões religiosas ou ideológicas. O facto de os filhos se vestirem sempre igual pode querer dizer que pertenciam a um culto. Outra das hipóteses apresentadas é que, sem trabalhos, os pais terão entrado numa fase descendente.

Um vizinho disse que chegou a ver as crianças a serem colocadas em circulo na sala, entre a meia-noite e as 3h da manhã. O homem diz que o momento lhe pareceu tratar-se de um culto.

Qual o futuro dos 13 irmãos?

Inadaptados às rotinas, objetos e práticas comuns, como reagirão agora estes irmãos ao mundo real? Depois do resgate, foram divididos. Is sete adultos estão no Corona Regional Medical Center, e os seis menores numa outra instituição.

O médico que os acompanha, afirmaque estão a reagir bem, mas ressalva que em 45 anos de profissão, nunca tinha sido confrontado com uma situação tão caótica.

«É uma experiência alarmante para todos nós, quando se vê uma pessoa de 29 anos que parece ter 12, 13 ou 14 anos», disse o médico.

Os filhos do casal Turpin viviam completamente alheados do mundo. Não iam à escola, não tinham contacto com outras crianças. Quando foram resgatados, não sabiam o que era um polícia. Nunca foram a um dentista. Há anos que não viam um médico e nem sabem o que são medicamentos.

 

Jovem de 17 anos planeou denunciar os pais durante dois anos

A irmã que denunciou o horror às autoridades, tem 17 anos, mas parece ter 10. Tem uma figura pequena, atarracada e magra. Conseguiu sair de casa pela janela e alcançou um telemóvel, a partir do qual ligou à polícia. Há dois anos que o queria fazer. Naquela madrugada, um irmão fugiu com ela mas voltou para casa com medo.

O procurador do caso vem revelar que os abusos duram desde 2010, tendo vindo a intensificar-se com os anos. Bastava que uma criança, ao lavar as mãos, deixasse a água passar dos pulsos. Era acusada de estar a brincar com a água e o castigo podia durar meses.

Deixavam comida nas bancadas para as crianças verem mas não permitiam que comessem

A filha de 29 anos pesava apenas 37 quilos. A família declarou insolvência duas vezes mas tinham dinheiro para comprar comida, uma espécie de tartes. O procurador do caso afirma que a comida era deixada em cima das bancadas. As crianças podia olhar mas não podiam comer.

«Uma das crianças de 12 anos tinha o peso de uma de 7», afirma o procurador

Os pais estão acusados de tortura, sequestro, maus-tratos, atos obscenos e negligência, mas ainda poderão ser acusados de outros crimes. Foram na sexta-feira,  dia 19, apresentados perante o juiz mas não deram explicações para a situação dos filhos. O casal alega inocência e pode apanhar de 94 anos a prisão perpétua. Foi pedido que o valor da fiança fosse de 13 milhões de dólares -cerca de 10,3 milhões de euros- para cada um dos pais.

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