PR alemão vê Cabo Verde como “contrapeso” democrático aos golpes em África

O Presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, classificou hoje a democracia em Cabo Verde como um “contrapeso” em África face aos golpes de Estado que têm provocado rutura constitucional em vários países.

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“Isso faz com que tenhamos de estimar ainda mais o caminho de Cabo Verde” pela democracia, “um sinal que deve ser emitido repetidamente para a vizinhança, que existe aqui um contrapeso democrático”, em contraste com os golpes no Mali, Niger, Burquina Faso e Guiné-Conacri, membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), destacou.

Steinmeier, antigo ministro das Relações Externas alemão – época em que se relacionou com os países do Sahel -, discursava hoje no palácio presidencial da Praia, no início da primeira visita de Estado de um Presidente da Alemanha ao arquipélago lusófono.

Depois de condenar a invasão russa da Ucrânia, destacou que países que defendem a democracia e o Estado de Direito, como a Alemanha e Cabo Verde, devem aprofundar as suas parcerias.

O Presidente cabo-verdiano, José Maria Neves, acrescentou que o país quer ser “um país útil”, para África e para o mundo, “um fator de paz de estabilidade”, numa ordem geopolítica internacional com regras, sem ingerências.

O Presidente alemão foi condecorado por José Maria Neves com a Ordem Amílcar Cabral de 1.º Grau, a mais alta distinção do país, num reconhecimento pelo apoio ao Centro de Investigação Oceanográfica do Mindelo (Ocean Science Center Mindelo – OSCM), lançado em 2014, e pelo empenho nas relações entre os dois estados.

Steinmeier disse esperar que a cooperação científica se intensifique nos próximos anos, porque dela depende “o futuro, a vida dos nossos filhos e netos”, destacando a preservação de recursos pesqueiros e marinhos, em geral, bem como a fixação de carbono.

O estudo do mar e da atmosfera tem permitido a Cabo Verde contribuir para investigações em curso sobre as mudanças climáticas, nomeadamente por estar na zona onde se formam os furacões que atravessam o Atlântico e atingem o continente americano.

“Não exportamos muita coisa, mas exportamos furacões”, referiu José Maria Neves, para destacar a importância internacional da cooperação científica.

Ambos os estadistas destacaram ainda o papel preponderante da Alemanha no turismo de Cabo Verde, um setor de atividade que é responsável por 25% da riqueza nacional.

O maior operador turístico do arquipélago, o grupo Tui, está sediado em Hannover e a Alemanha é o segundo país que mais turistas coloca em Cabo Verde.

O Presidente alemão destacou ainda o potencial eólico de Cabo Verde, perspetivando desenvolvimentos ao nível do setor da energia.

A agenda de Frank-Walter Steinmeier na capital do país vai incluir, ainda hoje, a participação numa sessão solene na Assembleia Nacional e um encontro com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

Na quinta-feira, o Presidente alemão visitará a cidade do Mindelo, na ilha de São Vicente, onde participará no lançamento da primeira pedra do novo edifício do laboratório do Observatório do Ambiente de Cabo Verde (CVAO).

LFO (RIPE) // MLL

By Impala News / Lusa

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