ONU: Moçambique cresce abaixo de 4% até 2020, ‘default’ limita investimento

O relatório das Nações Unidas sobre a Situação Mundial e Perspetivas Económicas (WESP) considera que o incumprimento financeiro e tensões políticas limitam o investimento em Moçambique, com o país a crescer abaixo de 4% até 2020.

ONU: Moçambique cresce abaixo de 4% até 2020, 'default' limita investimento

O relatório das Nações Unidas sobre a Situação Mundial e Perspetivas Económicas (WESP) considera que o incumprimento financeiro e tensões políticas limitam o investimento em Moçambique, com o país a crescer abaixo de 4% até 2020.

“O investimento em Moçambique está a ser limitado pelo incumprimento financeiro, em janeiro, e pelo alto nível de dívida”, lê-se no relatório divulgado hoje em Nova Iorque.

“O crescimento em Moçambique vai também ser travado pelas tensões políticas”, acrescenta o documento, que antevê uma expansão económica de 4,1% este ano e uma diminuição para 3,8% e 3,9% em 2018 e 2019, respetivamente.

O relatório elaborado pelo departamento de Assuntos Económicos e Sociais da ONU, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) e as cinco comissões regionais prevê uma redução da inflação, de quase 20% no ano passado para 7% este ano, 6% em 2018 e 6,5% no ano seguinte.

“A perspetiva de evolução para África permanece sujeita a vários riscos” internos e externos, nota o documento hoje lançado em Nova Iorque, nomeadamente na vertente financeira.

“Do ponto de vista externo, um aumento superior ao esperado nas taxas de juro globais ou um aumento nos juros dos títulos de dívida soberanos pode diminuir o acesso ao financiamento, que se tornou nos últimos anos uma fonte cada vez mais importante para o investimento nacional, e colocar em perigo a sustentabilidade da dívida”, lê-se no texto.

A descida dos ‘ratings’, das exportações ou uma inversão do crescimento dos preços das matérias-primas são alguns dos fatores que podem fazer diminuir o Investimento Direto Estrangeiro e as remessas dos emigrantes, o que pode ameaçar o fôlego da retoma, notam os analistas das Nações Unidas.

Internamente, concluem, os maiores riscos para os países africanos, que deverão crescer 3,5% e 3,7% nos próximos dois anos, estão na ausência de políticas de ajustamento aos preços mais baixos das matérias-primas.

Esta falta de políticas, notam, “pode por em causa a estabilidade macroeconómica e a tendência de crescimento em muitos países”, que enfrentam também a possível escalada de violência por causa de ameaças à segurança, “especialmente na região do Sahel e na Somália, e instabilidade política em vésperas de eleições no Egito, Nigéria e África do Sul”.

O relatório das Nações Unidas defende, a nível global, que o crescimento de 3%, o mais alto desde 2011, deve fazer os decisores políticos apostarem em temas de longo prazo.

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