Igreja Católica denuncia massacre na morte de ex-polícia rebelde e companheiros venezuelanos

A Conferência Episcopal Venezuelana denunciou que a operação policial para a captura do ex-polícia rebelde e piloto de helicóptero foi «um massacre»

Igreja Católica denuncia massacre na morte de ex-polícia rebelde e companheiros venezuelanos

A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) denunciou esta quinta-feira que a operação policial para a captura do ex-polícia rebelde e piloto de helicóptero Óscar Pérez foi “um massacre” em que morreram mais seis pessoas.

A denúncia foi feita num comunicado sobre “os últimos factos de violação de direitos humanos no país”, no qual instam ainda as autoridades a investigar o caso e a não cremar os cadáveres das vítimas, que são reclamados por familiares.

A CEV denuncia “o horrível massacre evidenciado em execuções extrajudiciais e mortes de civis, em ações perpetradas pelas forças militares, a 17 de janeiro de 2018, em que um grupo de pessoas perdeu a vida durante a busca de Óscar Pérez”, lê-se.

“Este facto põe-nos perante a degradação e o desrespeito pela dignidade e os direitos humanos atinentes a qualquer pessoa. Existem evidências que devem ser investigadas e explicadas com lógica, aos familiares e a toda a comunidade venezuelana”, sublinha.

Entre essas evidências, a CEV refere “a falta de resolução pacífica de um conflito perante um caso de solicitude de entrega, a ausência de procuradores no procedimento, o uso de grupos de civis armados” e “o áudio e vídeo difundido (por Óscar Pérez) pelas redes sociais geram perplexidade que devem ser esclarecidas”.

No comunicado a CEV “exige” ao Estado venezuelano “que os factos violadores de Direitos Humanos sejam investigados com a maior prontidão e objetividade, com a participação de todas as instâncias públicas competentes”.

Segundo o comunicado, o Ministério Público tem que garantir que os corpos dos falecidos sejam entregues aos familiares, “evitando a cremação, sem autorização, para determinar a causa da morte, recordando que segundo a lei, nenhum falecido em circunstâncias violentas, pode ser cremado, muito menos quando se trata de um homicídio”.

“Os tribunais que garantam as evidências da operação, para se chegar a conhecer a verdade. Os poderes políticos têm o dever de garantir uma justiça gratuita, acessível, imparcial, transparente, autónoma e independente, que se sustente na independência de cada uma das instâncias que o conformam e que constituem a essência mesma do Estado de Direito”, afirma.

Por outro lado, os bispos pedem à população “que não se habitue, perante a multiplicação de casos de mortes não esclarecidas nem investigadas, a barbárie”.

Na terça-feira, durante uma conferência de imprensa em Caracas, o ministro venezuelano do Interior e Justiça, Néstor Reverol, anunciou que o ex-polícia Óscar Pérez, morreu na segunda-feira, durante uma operação policial para a sua captura.

Segundo o ministro, morreram mais seis pessoas que acompanhavam Óscar Pérez e dois agentes da Polícia Nacional Bolivariana.

“Apesar das tentativas para conseguir uma solução pacífica e negociada, este grupo terrorista fortemente armado, iniciou, de maneira mal-intencionada, um confronto com os organismos de segurança atuantes”, disse.

As declarações do ministro contrastam com imagens de vídeos divulgados através da Internet em que Óscar Pérez denuncia que o pretendem assassinar.

Num dos vídeos ouve-se a dirigir-se aos agentes policiais revelando a existência de civis no local e a pedir que não disparem porque se vai entregar.

Óscar Pérez era acusado de, em junho de 2017, ter usado um helicóptero do Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária), para disparar vários tiros contra a sede do Ministério do Interior e Justiça e arremessado quatro granadas contra o Supremo Tribunal de Justiça, que não causaram vítimas.

Era também acusado de, a 18 de dezembro, ter liderado um grupo de 49 homens que assaltou um comando da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militar), de onde roubaram armas e munições e manietaram vários oficiais, em Laguneta de La Montaña, a sul de Caracas. Em nenhum dos casos houve vítimas.

 

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