China critica interrogatórios e deportações de estudantes à chegada aos EUA

A China apresentou um protesto formal às autoridades norte-americanas contra o tratamento dado aos chineses que chegam ao aeroporto de Dulles, em Washington, para estudar nos Estados Unidos, denunciando deportações, interrogatórios que duram horas e o revistar de portáteis e telemóveis

China critica interrogatórios e deportações de estudantes à chegada aos EUA

Xie Feng, embaixador chinês em Washington, disse que dezenas de chineses com vistos válidos foram impedidos de entrar nos últimos meses nos Estados Unidos quando regressavam à universidade após viajarem para o estrangeiro ou visitarem familiares na China.

“Após aterrarem no aeroporto, foram submetidos a um interrogatório de oito horas por parte de agentes que os proibiram de contactar os pais, fizeram acusações infundadas e até os repatriaram à força e proibiram a sua entrada”, descreveu, durante um evento na embaixada sobre intercâmbios de estudantes.

“Isto é absolutamente inaceitável”, disse.

O protesto surge numa altura em que os EUA e a China tentam impulsionar os intercâmbios de estudantes e outras trocas, visando reforçar as relações, que se tornaram conflituosas nos últimos anos, face a uma prolongada guerra comercial e tecnológica, questões de Direitos Humanos ou disputas sobre o estatuto de Taiwan, Hong Kong ou o mar do Sul da China.

Cerca de 290.000 chineses estão a estudar nos EUA, compondo um terço da totalidade dos estudantes estrangeiros no país, de acordo com diferentes estimativas.

Com 1,3 milhões de pessoas a estudar no estrangeiro, a China é o maior emissor de estudantes do mundo.

Num comunicado separado, a embaixada da China disse que apresentou “protestos solenes” ao Governo dos EUA sobre o tratamento de estudantes que aterraram no aeroporto de Dulles, em Washington.

A mesma nota pediu aos estudantes chineses para terem cuidado quando chegassem ao aeroporto.

Não ficou claro se os comentários de Xie se referiam a casos apenas em Dulles ou também noutros pontos de entrada nos Estados Unidos.

Desde novembro, os órgãos de comunicação social estatais chineses noticiaram pelo menos três casos em Dulles em que estudantes chineses viram os seus vistos de estudante válidos serem cancelados, foram repatriados após longas horas de interrogatórios e interditados de entrar nos Estados Unidos durante cinco anos.

De acordo com as notícias, foi-lhes perguntado se os seus estudos eram financiados pelo Governo chinês, se eram membros do Partido Comunista Chinês e se os seus estudos e pesquisas estavam ligados ao Governo chinês, ao exército chinês ou a laboratórios estatais do país asiático.

Os estudantes dirigiam-se, respetivamente, para o Instituto Nacional do Cancro, a Universidade de Yale e a Universidade de Maryland.

Pelo menos oito chineses que entraram nos Estados Unidos com documentos válidos foram repatriados desde novembro, de acordo com a imprensa estatal.

Segundo o comunicado da embaixada da China, os estudantes tiveram os seus aparelhos eletrónicos controlados, foram proibidos de comunicar com o exterior e, nalguns casos, detidos durante mais de 10 horas.

 

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By Impala News / Lusa

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