Bolsa de Moçambique já ajuda a financiar pequenas empresas

O presidente da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Valá, afirma que a cotação bolsista já está a facilitar o financiamento, sobretudo das pequenas empresas, que dominam o setor empresarial moçambicano.

Bolsa de Moçambique já ajuda a financiar pequenas empresas

“São várias as dificuldades para acesso ao crédito, questões que se agravam quanto menor for a sua dimensão empresarial, e por isso as micro, pequenas e médias empresas são as que têm maior dificuldade em financiarem-se”, começa por sublinhar Valá, em entrevista à Lusa.

Entre as dificuldades, o presidente da BVM aponta a falta de garantias reais, exigidas pela banca, a ausência ou falta de qualidade do plano de negócio, a contabilidade não organizada, a ausência de auditoria às contas da empresa ou a não observância das regras de boa gestão corporativa.

Por isso, diz Valá, a “sensibilização e capacitação das empresas e dos seus gestores, da incorporação das suas empresas na cadeia de valor de grandes projetos” acaba por ser “tão importante para facilitar o acesso ao crédito, da mesma forma que a taxa de juro ou da inflação é relevante para esse mesmo acesso”.

“Não é só pela componente da dívida que as empresas se podem financiar no mercado de capitais. A cotação das empresas na bolsa de valores pode facilitar o acesso ao financiamento, porque o facto de uma empresa estar cotada na bolsa é a garantia que cumpre os requisitos de conformidade legal, financeira, contabilística, e de mercado, tornando-se mais fácil a vontade de investir na empresa por parte dos investidores, nacionais e estrangeiros”, sublinha.

As empresas de grande dimensão “possuem, à partida, todos os requisitos para serem cotadas” em bolsa, diz Valá.

“O mesmo já não sucede com a generalidade” das micro, pequenas e médias empresas, o que levou a BVM a criar um segmento para estas companhias, que constituem a maioria dos agentes económicos do país e a maior fonte de emprego da população moçambicana, que foi designada por “Terceiro Mercado”, acrescentou.

Neste mercado bolsista específico, detalha Valá, as empresas que não cumpram com a totalidade dos requisitos para a cotação no Mercado de Cotações Oficiais, “vocacionado” para o Estado e grandes empresas, ou com a cotação no “Segundo Mercado”, sobretudo para Pequenas e Médias e Empresas (PME), mas que ainda assim cumprem com os requisitos de natureza legal da empresa e das suas ações, “podem ser cotadas neste novo mercado bolsista, assumindo o compromisso público de no prazo máximo de três anos virem a alcançar os requisitos em falta”.

“Com a cotação em bolsa, as empresas ganham maior visibilidade, mostram não ter receio do escrutínio público dos seus resultados e da sua gestão e ganham maior credibilidade juntos dos investidores”, sublinha.

“É um facto que das oito empresas cotadas na BVM após a criação deste mercado, sete entraram por via do Terceiro Mercado, e em 2023, a primeira empresa a ser cotada no Terceiro Mercado, a Rede Viária de Moçambique (Revimo), transitou para o Mercado de Cotações Oficiais, por ter alcançado todos os requisitos para a cotação neste mercado, mostrando assim a relevância deste mercado para a situação concreta da economia moçambicana, dominada em cerca de 98% por micro, pequenas e médias empresas”, acrescenta Valá.

A BVM contava no início de 2023 com 12 empresas cotadas e ao longo do ano viu mais quatro entraram para o ‘portfolio’, todas diretamente no “Terceiro Mercado”. Além das 16 atualmente cotadas nos três mercados, a BVM pretende ter mais quatro empresas cotadas em 2024 e, até final de 2025, o primeiro banco.

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By Impala News / Lusa

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