João Fernando Ramos: «Tenho sérias dúvidas de que a CMTV dure muitos anos»

João Fernando Ramos afirma que a «CMTV está condenada». O pivô da RTP diz ainda que as audiências apresentadas pelo canal «não são reais».

João Fernando Ramos afirma, numa palestra dedicada à comunicação, que a «CMTV está condenada». O pivô da RTP diz ainda que as audiências apresentadas pelo canal «não são reais».

As declarações foram proferidas no decorrer da palestra A Arte de Saber Falar, parte integrante da Semana das Artes e Letras, promovida pelo Colégio Júlio Dinis, no Porto.

«Projetos – como o da CMTV – com derivas de verdade naufragam», considera João Fernando Ramos, da RTP

«A CMTV alega que tem mais de um milhão de espetadores, mas os dados apresentados pelo canal não são reais. Números desses conseguem-se em jogos da Seleção. A título de exemplo, o Jornal 2 tem 100 mil espetadores e é líder no horário. Projetos com derivas de verdade naufragam», explica.

No que se refere ao «jornal em papel, o Correio da Manhã [que deu origem à CMTV] vende muito» porque «os portugueses gostam de ser enganados». As declarações surgem no momento em que o jornalista fala sobre «as notícias falsas partilhadas nas redes sociais».

«Se querem informação fidedigna, comprem jornais de referência», aconselha. João Fernando Ramos diz acreditar que «o papel não vai morrer, como muitos têm pensado nos últimos anos».

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«Tenho a minha teoria de não morte do papel, mas assistiremos a um novo conceito. Os jornais não terão notícias do dia, mas trabalhos de investigação e dossiers temáticos. Se conseguirem fazer isto, irão sobreviver», avança.

Aos alunos, o pivô da RTP traça uma evolução da comunicação ao longos das últimas décadas, ressalvando que «todas as mudanças na História estão ligadas à comunicação».

«Assistimos hoje a um novo fenómeno. Sempre que tivemos tecnologia nova, quisemos usá-la. Hoje, há quem tenha acesso às novas tecnologias e as recuse. Esse travar está a acontecer.

Para João Fernando Ramos, «o futuro estará sempre ligado à forma como queremos comunicar»

«Teremos também em breve fronteiras no Reino Unido. Já foram construídos muros. Os países começam a querer fechar-se, o que poderá acontecer em mais locais do mundo», aponta. Por isso, para João Fernando Ramos, «o futuro estará sempre ligado à forma como queremos comunicar».

O pivô do Jornal 2, da RTP, lança um apelo e aconselha os alunos do Colégio Júlio Dinis a distinguirem as fontes de informação, os telejornais, os jornais ou as redes sociais.

«Os jornais em papel são uma fonte fantástica de cultura e de palavras. Se não tiverem tempo para ler um livro, leiam um jornal inteiro uma vez por semana», conclui.

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A Semana das Artes e Letras do Colégio Júlio Dinis, no Porto, que decorreu entre os dias 19 e 23, contou também com a presença de renomados escritores, como Pedro Seromenho, Raul Minh’Alma, Sofia Rente e Filipe Gaspar e a atriz Joana Alvarenga.

O Jornal 2, apresentado por João Fernando Ramos, tem contado com emissões especiais fora do estúdio para assinalar o Ano Europeu do Património Cultural. As emissões estão a ser transmitidas a partir de monumentos emblemáticos de Portugal.

O bloco informativo da RTP 2 já passou por locais como Torre dos Clérigos, Museu da Ciência ou Palácio Nacional de Mafra. O Ano Europeu do Património Cultural pretende chamar a atenção para o papel do património no desenvolvimento económico, social e nas relações externas da União Europeia, através de uma estratégia de promoção da diversidade cultural, diálogo intercultural e da coesão social.

Texto: Cynthia Valente | Win Porto; Fotos: João Manuel Ribeiro

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