Há mais de meia centena de corpos por identificar em Portugal

Há 59 corpos e ossadas por identificar em Portugal. 59 pessoas que nunca ninguém procurou

Há mais de meia centena de corpos por identificar em Portugal

Há 59 corpos e ossadas à espera de serem reclamados, um pouco por todo o país. O mais antigo data do ano 2000. Trata-se de uma mulher, entre os 30 e os 35 anos, com 1,53 de altura, encontrada na localidade de Fataunços, no concelho de Vouzela. As histórias “em branco” desta e de quase meia centena de pessoas encontra-se no site da Polícia Judiciária onde, em alguns casos, se encontraram mais informações que podem ajudar a dar um nome à cara.

Estes homens e mulheres, cujo desaparecimento não foi registado por familiares ou amigos, são, na sua maioria, consumidores de droga, alcoólicos, indigentes ou doentes encontrados em locais isolados, em casas devolutas, mas também na via pública. Pessoas com rosto, mas sem nome e muitas com sinais de morte violenta. Nos casos em que a morte configura um crime, o caso passa para outra secção da PJ, deixando de figurar apenas como corpo por identificar.

Quando são encontrados, cabe à PJ fotografá-los, retirar as impressões digitais, recolher os pertences e encaminhá-los para o Instituto de Medicina Legal (IML) da zona. É determinada, depois, a causa da morte e procede-se à recolha de ADN. No terreno, a PJ interroga pessoas e percorre a zona em busca de indícios que se possam revelar úteis na identificação do cadáver. Contudo, a lista não pára de aumentar. Há 10 anos, eram 40 os corpos por reclamar.

O relatório do corpo ou ossada por identificar contém pormenores como roupa que a vítima vestia quando foi encontrada, tatuagens, marcas de nascença ou deficiências físicas. Em 2009, foi encontrado um corpo, carbonizado, de um homem com cerca de 45 anos, num prédio devoluto no Beco das Gralhas, em Lisboa.

“No punho direito usava pulseira em tecido elástico, num padrão xadrez vermelho e preto. Na orelha esquerda usava um brinco em metal dourado e um em metal prateado. No tornozelo esquerdo duas palmeiras, uma com uma moeda com orifício central e outra de missangas. No tornozelo direito, duas palmeiras, uma com missangas e outra sem aplicações”, pode ler-se no relatório da PJ. Contudo, em alguns casos, não existe informação completar devido, por exemplo, ao elevado estado de decomposição em que os corpos são encontrados. É o que acontece com o caso mais recente, de um corpo encontrado em Dezembro do ano passasdo, próximo da estação da CP de Portimão. Apenas de sabe que se trata de um homem com mais de 60 anos, de “cabelo branco e origem desconhecida”.

Todo o trabalho de identificação de corpos e ossadas cabe à PJ, que tem equipas que se dedicam, em exclusivo, a tentar preencher as história de homens e mulheres que estão abandonados nos institutos de medicina legal de Norte a Sul do país.

Texto: Cynthia Valente

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