Barragens em Cabo Verde estão com menos de 3,6% de água devido à seca

O Governo cabo-verdiano voltou a apelar a população para «comportamentos sustentáveis» e «uso racional» da água

Barragens em Cabo Verde estão com menos de 3,6% de água devido à seca

O Governo cabo-verdiano voltou esta segunda-feira a apelar a população para “comportamentos sustentáveis” e “uso racional” da água, numa altura em que as barragens estão com menos de 3,6% da sua capacidade, devido à falta de chuva este ano.

“Nas cinco albufeiras monitorizadas pela ANAS, o volume de água armazenado é inferior a 3,6% da sua capacidade. Face à seca que fustigou o ano de 2017, com acúmulo dos anos anteriores, a situação agravou-se”, avançou em conferência de imprensa, na cidade da Praia, o presidente da Agência Nacional de Água e Saneamento.

Miguel Moura deu como exemplo a barragem de Poilão, no interior da ilha de Santiago e a primeira a ser construída no país, que tem um nível “mínimo e insignificante”, enquanto o nível de água nas restantes encontra-se “abaixo da tomada”.

“Em consequência disso, o país não consegue satisfazer neste momento metade do seu consumo desejado para as necessidades agrícolas”, disse o presidente da ANAS, indicando que a água acumulada vem de anos anteriores e que algumas barragens estão praticamente secas.

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Por causa da escassez este ano, o presidente da ANAS voltou a apelar à população para “comportamentos sustentáveis” e “uso racional” da água, numa altura em que outro desafio são as “elevadas perdas” em muitos sistemas de abastecimento.

A conferência de imprensa da ANAS acontece dois meses após o Governo cabo-verdiano ter declarado a situação de emergência hídrica no país por causa da falta de chuva, com medidas para racionalizar a utilização da água, em que a prioridade é dada ao consumo humano, tal como estipula o Código de Água.

Miguel Moura avançou que enquanto a situação se mantiver, serão tomadas algumas medidas restritivas, como proibição de novas licenças para abertura e exploração de novos furos, emissão de novas licenças para aumento, aumento da área irrigada e ampliação dos calendários de rega.

Aos agricultores, o presidente da ANAS apelou a adoção de práticas que promovam a poupança e economia de água, como rega gota-a-gota, culturas de ciclo vegetativo curto e culturas agrícolas de maior rendimento económico.

O presidente da ANAS informou que ainda esta semana serão lançados concursos para selecionar empresas para construção e reabilitação e reservatórios, condutas, poços, nascentes e galerias, assim como para fornecimento de bombas submersíveis, motores elétricos, painéis solares e máquinas móveis de dessalinização de águas salobras.

Cabo Verde registou este ano níveis muito baixos de chuva, enfrentando assim um dos piores anos de seca dos últimos anos, que comprometeu quase na totalidade a campanha agrícola.

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O Governo elaborou um programa de emergência, que já está a ser implementado e que tem como medidas prioritárias o salvamento de gado, mobilização de água, acesso a financiamento e criação de emprego no meio rural.

O executivo mobilizou 10,1 milhões de euros juntos de parceiros internacionais para financiar o programa de emergência, que se juntaram aos 100 milhões de escudos (906 mil euros) do Orçamento do Estado para 2018 para o efeito.

Nos últimos dias, têm-se ouvido queixas de agricultores e criadores de gado de que as medidas são insuficientes e não estão a chegar ao terreno.

Na sexta-feira, as Nações Unidas estimaram que cerca de 140 mil pessoas poderão ficar em situação de vulnerabilidade nutricional aguda em Cabo Verde se não chover este ano.

 

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