“Crónicas do Meu Outro Eu” – Espreitar o vizinho… o desenlace!

Se ficou com água na boca com a primeira parte da história, então não perca o desenlace. Duas jovens, uma janela, um vizinho e…

Acabámos por adormecer e passámos o dia seguinte a murmurar sobre o assunto. Quando chegou a noite estávamos as duas num elevado estado de excitação – não propriamente de excitação sexual, mas mais de excitação pela transgressão que decidíramos fazer.

Ele mostrou ser um rapaz pontual, pois pouco passava da meia-noite quando a luz do seu quarto se acendeu. Nessa altura já nós estávamos apenas com a cuequinha e o soutien vestidos e de imediato acendemos também a luz do nosso quarto para lhe captar a atenção. A Marta passeou lentamente em frente da janela enquanto eu espreitava para ver a reação dele. A verdade é que a luz acesa no nosso quarto o fez desviar os olhos na direção da nossa janela. Eu murmurei-lhe que ele estava a olhar e ela sorriu. De uma forma lenta, desapertou o soutien e lançou-o sobre a cama. Observei como ele a olhava. Num gesto rápido ele apagou a luz do seu quarto. O nosso plano tinha resultado e agora ele estava às escuras, do lado de lá, a espreitar. As posições tinham-se invertido em relação às noites anteriores. A Marta penteava-se em frente a um espelho, em topless. Era elegante, mais ou menos da minha altura, seios mais pequenos que os meus, cabelos um pouco mais claros e pele ligeiramente mais branca.

– Despe o resto! – murmurei-lhe.

Ela estava indecisa apesar do que tínhamos combinado. Mas acabou por pousar a escova do cabelo e baixou a única peça de roupa que a cobria, ficando nua. Tentei imaginar como ele se sentiria neste momento. Perguntei-me se estaria a tocar-se enquanto a via e um arrepio percorreu-me o corpo. Então, saí do meu canto e aproximei-me da Marta. O que eu dava para ver a expressão dele ao perceber que éramos duas mulheres e não apenas uma! Passei junto dela e despi o soutien. O meu peito soltou-se e fiquei impressionada pela dureza dos meus mamilos. A situação estava a provocar-me um prazer que não tinha sentido nas noites anteriores. Peguei num frasco de creme e coloquei um pouco na mão. Depois comecei a esfregar o corpo com ele. Acariciei os seios de forma demorada enquanto a Marta me observava com um sorriso.

– Estás a ser malandra! – disse-me ela. Pisquei-lhe o olho. – Se é para o provocar, que seja a sério! – respondi.

Baixei a cuequinha e fiquei também totalmente nua. Passei mais creme nas coxas, no ventre e no rabo. Quando terminei ocorreu-me uma ideia: – Vamos insinuar-lhe que somos lésbicas?

Ela ficou a olhar para mim:

– Estás parva? A sério!… Passo-te assim o creme pelo corpo e ele vai ficar em brasa, acreditas?

– Acreditar, acredito, mas…

Eu aproximei-me dela e coloquei mais um pedaço de creme na mão. De seguida, dirigi a mão para o seu pescoço e espalhei o creme pela sua pele, descendo até ao peito. Reparei como também ela tinha os mamilos rijos. Comecei a acariciar-lhe os seios e a sensação foi agradável. Aparentemente agradável para as duas, pois ela não esboçou nenhuma reação e deixou-se ficar a desfrutar.

Durante um bocado massajei-lhe o peito e os ombros. Depois decidimos que já tinha sido um espetáculo mais que suficiente para essa noite. Afastámo-nos da zona da janela e deitámo-nos. Apagámos a luz e ficámos uns momentos em silêncio…

Deitámo-nos nuas e ainda meio espantadas com o que tínhamos tido coragem de fazer. Disse à Marta que o meu coração estava a bater a um ritmo acelerado e ela colocou a mão no meu peito para o sentir. O toque da sua mão fez-me estremecer. Ela deixou ficar a mão pousada sobre ele e, na penumbra do quarto, vi os seus olhos que me fixavam o rosto. Éramos amigas há muito tempo, já tínhamos passado muitos momentos juntas, e nunca tínhamos sentido nenhum tipo de atração uma pela outra. Aliás, nunca me passara pela cabeça sentir-me atraída por uma mulher. Mas naquele momento, aquela mão no meu peito fazia-me desejar coisas que me passavam pela cabeça num turbilhão. Senti que os dedos delas se movimentavam ligeiramente sobre o meu seio, numa carícia muito suave e sedutora. As sensações misturavam-se com as imagens da noite anterior e do orgasmo do vizinho da frente, bem como com as imagens ainda recentes das duas nuas expondo-nos para ele.

A Marta fez um gesto com o corpo aproximando-o do meu. Murmurou-me num tom rouco:

– Queres que pare? Fui anormalmente rápida a responder-lhe: – Não!

Então, a mão dela começou a deslizar entre os meus seios, rodeando-me os mamilos duros e começando a brincar com eles. Sabia bem… sabia muito bem! Ela rodou o corpo e colocou-se sobre mim. Abri as pernas para que se encaixasse entre as minhas coxas. Sentia a respiração dela no meu rosto e os nossos lábios foram-se aproximando até se unirem num beijo que foi ganhando intensidade e se transformou numa união de línguas e saliva. Abracei-a enquanto nos beijávamos e as minhas mãos pousaram no seu rabo. Era macio e aquele sulco convidava a uma exploração na qual me aventurei. Perdemos um pouco a noção da realidade. Explorávamo-nos mutuamente com uma sofreguidão que se foi intensificando. Num ou noutro momento de maior lucidez pensava que aquela era a minha maior amiga e que não era suposto tudo aquilo estar a acontecer. Mas rapidamente o desejo que me invadia afastava tudo o resto da minha mente.

Quando mergulhei a minha mão entre as suas coxas, senti uma humidade que facilitou a entrada de um dos dedos no seu sexo. Ela gemeu baixinho e eu parei com medo de a ter aleijado.

– Não… continua… – pediu-me.

Então deixei que o meu indicador deslizasse pelo interior do seu corpo. Tinha uma textura de uma rugosidade macia e, sem pensar muito, mergulhei também a cabeça naquele sexo e beijei-o como se beijasse a sua boca. Via-me agora a fazer sexo oral a uma mulher e – inexplicavelmente – a adorar. Ela sabia bem, o líquido que eu recebia na minha boca fruto da sua excitação era fresco e saboroso. Penetrei-a com a língua e beijei-a, chupei-a e lambi-a até a sentir começar a contrair os músculos da barriga e do ventre. A respiração dela tornou-se mais ofegante e as suas ancas começaram a movimentar-se para cima e para baixo em movimentos cada vez mais rápidos. Até que um gemido mais forte e as contrações da vagina em redor da minha língua, me revelaram o orgasmo intenso que a atingiu.

Deixei-me ficar uns segundos assim, com a língua introduzida no seu corpo, sentindo as contrações tornarem-se menos intensas e mais espaçadas. Percebi que o corpo dela relaxava e o orgasmo se diluía. Quando levantei o rosto estava totalmente besuntada. Deitei-me ao seu lado e ela beijou-me. Com a língua, percorreu-me a cara, como que querendo saborear os restos do seu próprio gozo.

Passados uns minutos, foi a vez de ela me começar a masturbar com os dedos. Eu estava tão excitada que aqueles toques pareciam descargas elétricas. E quando ela mergulhou o rosto entre as minhas pernas, a língua que me abriu os lábios entre as coxas parecia fogo. Não demorei muito a também atingir o orgasmo, um orgasmo muito mais intenso do que aqueles de que desfrutava quando era eu a masturbar-me. Que bom era sentir uma língua assim dentro de mim…

Depois de toda a agitação das últimas horas, deixámo-nos então ficar deitadas e abraçadas, viajando com as nossas mãos pelos corpos nus e cansados. Acabámos por adormecer assim, abraçadas e envolvidas numa sensação suave de prazer.

Ana Paula Jorge | Escritora erótica ([email protected])
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