Última Hora | Bruno de Carvalho: «Isto que aconteceu foi ouro para os nossos rivais»

Após uma reunião de cerca de três horas entre os órgãos sociais do Sporting, Bruno de Carvalho falou sobre a reunião «decisiva» para o futuro do Sporting

Última Hora | Bruno de Carvalho: «Isto que aconteceu foi ouro para os nossos rivais»

Após uma reunião de cerca de três horas entre os órgãos sociais do Sporting, Bruno de Carvalho falou sobre a reunião «decisiva» para o futuro do Sporting, que terminou por volta das 22h00 desta quinta-feira, dia 24 de maio.

Em conferência de imprensa, o presidente dos leões começou por afirmar que o dia de hoje foi «um dos dias mais tristes» que viveu no Sporting.

«Quero dizer que hoje é um do dias mais tristes que vivi no Sporting. É o momento institucional mais triste da minha vida e acredito que estou a falar por todos. Nós pedimos várias vezes, dando todos os argumentos à mesa de Assembleia geral e ao conselho fiscal e disciplinar do clube para que não fizessem o que fizeram hoje. Explicamos que isto colocará em causa o empréstimo que era realizado entre o final deste mês e o princípio do próximo».

Bruno de Carvalho destacou as implicações que esta situação despoletou, nomeadamente com o empréstimo obrigacionista e com a preparação da época leonina.

«Está em causa o empréstimo obrigacionista. Isto põe em causa a preparação da época, a contratação e venda de jogadores, o colocar a escrito a nova restauração financeira. E isto, por nada. Esta direção tentou de tudo. Inclusivamente, pedimos, por duas vezes, no dia 21 e hoje, para que nos dessem as razões para que nos devêssemos demitir. Foi-nos dito que não queriam entrar em discussões e nós garantimos que não íamos discutir nada. Que nos dissessem que iríamos reunir e apresentar soluções. Por duas vezes, nos foi negado. Não é assim que se lidam com assuntos da máxima gravidade que tem a ver com a queda ou não da direção»

«Mostrámo-nos disponíveis para discutir e até fizemos uma proposta. A que nos foi proposta foi a seguinte: mantermo-nos em funções 60 dias, eram marcadas eleições daqui a 60 dias e depois dávamos as palavras aos sócios. Foi-lhes explicado que estava pedido por nós uma AG de auscultação aos sócios, o maior património do Sporting, e esta direção tem esse pedido formal. Iríamos aí discutir tudo sem colocar em causa o início da época e a reestruturação financeira. Fizemos então nova proposta: se era por 60 dias que nos dissessem se queriam 5, 10 dias, para terem acesso a tudo do clube e SAD, falarem com quem quisessem, e depois no final desse período se houvesse indício se algo, que nos sentaríamos, porque somos honrados. Colocou-se tudo em causa por um capricho.»

Bruno de Carvalho acusa Marta Soares e órgãos sociais de terem lançado uma «bomba atómica»

«É legítimo não quererem estar nesta direção mas não a coação para que nos demitamos. Se não acreditam façam eleições para esses dois órgãos, não colocando em causa o Sporting e a SAD. Que lógica tem se estamos a prejudicar o clube deixarem-nos cá 60 dias? Marta Soares lançou uma bomba atómica que pelos estatutos não são assim. Foi alertado e mesmo assim lançou a bomba atómica. Não fomos nós quem mudou os estatutos para eleições em março».

 «Não há motivos para rescisões por justa causa»

«Com esta bomba que será por nos desmontada depressa e está cheia de irregularidades, apenas serviu para lançar o pânico, parar o EO e tirar-nos a força no processo negocial da época. Neste momento todos acham que os jogadores podem sair de qualquer maneira. Pensam que não temos poder negocial. E que poder teríamos se tivéssemos aceitado esta proposta? A única solução pedida foi um passo atrás da parte eles. Não estamos aqui para ser amigos mas para defender o Sporting. Foi-lhes pedido para abandonar o papel de elementos dos órgãos e ser sportinguistas. Não podemos alegar que o massacre na Comunicação social é justa causa para o que for.»

«Não há motivos para rescisões por justa causa. Não se pode alegar isso por ser o presidente A,B ou C. Isto foi penoso. Continuamos aqui pelo Sporting, em defesa do clube, fizemos todas as propostas e as pessoas não quiseram ouvir. Bomba atómica que pode pôr muita coisa em causa no Sporting.»

«Para que é que foi preciso este espectáculo degradante?»

«Há uma série de questões jurídicas que não são como diz o presidente da Assembleia Geral. Rapidamente iremos informar os Sportinguistas de todos esses atropelos. Se nós somos tão tóxicos para o Sporting porque nos propuseram 60 dias para cá ficar? Estamos aqui para honrar o Sporting e os sportinguistas. Iremos explicar todas as correções jurídicas desta bomba atómica. Para que é que foi preciso este espetáculo degradante? Se nos davam 60 dias para ficarmos cá, porque é que nos deram 20 ou 30 dias para ler tudo?»

«Viu-se pouco Sporting porque as pessoa não quiseram ver. Porque neste momento só há um objetivo: derrubar o presidente e os órgãos da direção»

Mas como se desmantela esta bomba?

«Como desmantelar a bomba? Não é hoje, há uma série de estatutos e leis que não são como diz Marta Soares. É um atropelo total a tudo. Rapidamente iremos informar os sportinguistas desses atropelos. Não nos foi apresentada qualquer assinatura e foi só ‘temos, temos, temos'”. Que solução havia? Era terem recuado, por exemplo pedindo os tais 30 dias para verificar tudo. E nós podíamos negociar e fazer o empréstimo obrigacionista e tudo o resto. Se somos tão tóxicos por que motivo nos dão 60 dias para cá ficar? Não somos problemas, o presidente da MAG é. A seu tempo vamos explicar todas as incorrências jurídicas desta bomba atómica. E tenho sérias dúvidas que aconteça. Para que foi preciso este espetáculo degradante hoje? Se nos davam 60 dias por que não deram 20 para ler tudo e saber tudo? Se é medo de rescisões, acontecem na mesma. Havia solução melhor? Se saímos, iria acontecer tudo isto, porque há timings e uma comissão de gestão não resolve nada. Vinha vender os jogadores ao desbarato?»

«Não vamos deixar que o Sporting seja tomado de assalto»

«Não vamos deixar que o Sporting seja tomado de assalto. Nunca deixámos, não vamos deixar. Se há coisas que não fazemos é desertar. Eu nasci em 1972, fui posto na reserva militar, mas tenho mais honra do que alguém que apareceu hoje. Sabe porquê? Porque nunca se abandona um companheiro de guerra e se passa para o lado do inimigo. Se tiverem aspirações para o clube, no momento certo sejam apresentadas. (…) Único objetivo é derrubar a direção. Se estes senhores não têm feito o que fazem hoje, daqui a duas semanas só teria coisas boas nas capas de jornais. Eles já estão a cair no ridículo e sabem que o tempo urge. Corre-se o risco de se ver o ‘walking dead’. (…) Se é possível impugnar esta AG? Claro que achamos que sim, mas não somos nós que achamos»

Bruno de Carvalho relembra comunicação social que tudo o que é «em demasia faz mal» e ainda ameaçou interpor o «maior processo da vida» ao Correio da Manhã.

«Os sportinguistas não são burros»

«Falhámos este ano mas é pena que não nos dêem possibilidade de nos fortalecerem. Isto que aconteceu foi ouro para os nossos rivais. A possibilidade de não haver dinheiro por causa do EO. Vamos para casa com a sensação de que temos sido leões na defesa da SAD e do Sporting. Houve um monólogo em que eles pediam a demissão e nós dávamos argumentos. Tentámos de tudo, de tudo; do outro lado no dia 21 não havia assinaturas, hoje foi dito que havia mas não as vimos. Dissemos logo que não nos demitíamos na outra reunião. Foi um ‘show off’ para continuar desgaste na imprensa. Quem teve a jogar coma barriga para a frente foram eles. Foi uma encenação para dizerem que tivemos tempo para refletir. Quis começar a falar e o presidente da MAG disse que tinha era de ouvir.

O presidente do Sporting acabou a conferência de imprensa a elogiar os adeptos e a relembrar que «os sportinguistas não são burros».

Marta Soares focado em destituir Bruno de Carvalho

Jaime Marta Soares, presidente demissionário da Mesa Assembleia-Geral, revelou que se irá realizar uma assembleia geral extraordinária para destituir o presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, após a reunião do Sporting.

 «Vamos marcar uma assembleia geral de destituição para dia 23 de junho», anunciou Marta Soares à entrada de Alvalade.

Apupado e insultado por adeptos e sócios que aguardavam o resultado da «reunião de decisões», Marta Soares mal conseguiu falar com os jornalistas. «Não há condições para podermos falar».

O presidente demissionário do clube dos verdes e brancos ainda conseguiu acrescentar que Bruno de Carvalho «recusou tudo» e que o presidente dos leões esteve a falar durante a maior parte do encontro.

 «Bruno de Carvalho falou duas horas e meia e nós meia hora».

Bruno de Carvalho irá falar dentro de momentos em conferência de imprensa.

 

[em atualização]

 

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